Desde
muito cedo aprendi a trabalhar. No início não era prazeroso, era necessidade
mesmo. Minha mãe, lavadeira de roupa, meu pai, pedreiro, não tinham como nos
proporcionar muita coisa, mas dentro do limite nunca nos deixou faltar roupa ou
comida. Dois batalhadores que chamavam a atenção dos que viviam de especular a
vida alheia. Era mais do que esforço para nos dar uma boa criação, era extinto,
era amor.
Na
minha adolescência pude ver o quão era difícil para os meus pais manter uma
casa com três filhos vivendo de bicos, pois os dois não tinham carteira
assinada, viviam de diárias. Tomei, então, a iniciativa de buscar trabalho, por
volta dos 10 anos. Fui catar latinhas e papelão nas ruas, o que me garantia uns
R$ 10 por semana. Era muito para quem tinha tão pouco e nascera em uma casa de
taipa. Por sinal, foi no lixo que consegui o que é hoje meu principal
instrumento de trabalho, um gravador de entrevistas. Talvez, fosse um prenúncio
do que viria pela frente.
Depois
disso, passei a vender produtos de limpeza de porta em porta, não demorou
muito. Fui para as portas dos colégios do meu bairro vender cocada e balinhas.
Peguei frete em porta de supermercado e ainda tentei fazer limpeza de matos em
quintais com um amigo. O porte físico não deixou, era desgastante. Trabalhei
como garçom em lanchonetes de bairro, em uma delas ganhava R$ 10 por final de semana.
Parti
para as praias do litoral paraibano, onde vendi dindin, amendoim, ovo de
codorna e, por final, picolé. Depois, já chegando aos 13 anos, descobri que
tinha uma vocação, o rádio. Foi ao ingressar no ensino fundamental II que
descobri meu talento, através de dois pais que considero para a minha
profissão, o radialista Pedro Alves – então diretor da escola – e o estudante
Claudio Costa, atual diretor de TV. Na escola foi criado um projeto chamado
rádio escola, onde pude perceber meu verdadeiro rumo, não tinha mais dúvida.
A
partir daí, foi uma carreira crescente. Fui “trabalhar” – entre aspas porque
era mais voluntário que remunerado – em rádios de poste (algo comum na
capital). Depois, ao conhecer o Poeta Pereirinha, parti para as ondas sonoras
de rádios comunitárias, onde fazíamos programas matinais (de cantoria de viola)
– nesse período consegui minha DRT (documento profissional) e agradeço a
Jonildo Cavalcante pela grande força.
No
entanto, ainda não dava para ter uma assinatura como profissional na carteira
de trabalho e parti para outro ramo. Fui trabalhar como auxiliar de cozinha em
um restaurante à beira mar. Cansado do desgaste que o trabalho proporcionava,
que muitas das vezes entrava pela madrugada e eu acabava perdendo o último
ônibus para casa e tinha que madrugar nas paradas de ônibus (e na ida ao
trabalho tinha que pegar três coletivos), acabei tentando a vida na minha área,
no rádio.
Espalhei
currículos e fui chamado para o maior sistema de comunicação do estado, o
Correio da Paraíba, mais precisamente para a 98 FM. Porém, a falta de
experiência no rádio comercial e a pouca idade não me mantiveram por muito
tempo na empresa. Passei pouco mais de um ano por lá. Poucos meses depois, ao
viajar para Cuité – como fazia todos os anos – conheci a mais recente emissora
da cidade, a 89 FM.
Em
uma breve conversa com o seu diretor, Beto Batinga, fui logo chamado para um
teste e fui contratado. A partir daí, todos sabem das minhas funções ocupadas
na minha área no Curimataú, afinal, as redes sociais mostram diariamente e
nunca foi escondido.
Sempre
tive posições claras e nunca fiquei em cima do muro, embora que isso me
custasse algo, como me custou recentemente. Nunca escondi de ninguém minhas
origens, minhas funções e meus planos, confio e acredito muito nas pessoas,
desde o mais recente amigo ao de longas datas. Quem me conhece sabe.
Meu
profissionalismo fez eu chegar onde cheguei, galguei um caminho que não foi
fácil, ocupei os espaços vazios e os conquistei. Gestores e amigos reconhecem
minha capacidade profissional e se me contratam é porque reconhecem esse
talento que Deus me concedeu.
Sempre
fui correto, nunca precisei roubar para me dar bem, já passei dificuldades, até
aqui mesmo em Cuité, que me entristece só em lembrar, por não ter emprego e
confiar em algumas pessoas. Hoje, graças a Deus, tenho meu emprego, de onde
tiro o sustento da minha casa e, vez ou outra, mando uma coisinha para mainha,
que continua sendo a merendeira contratada de escola pública de João Pessoa –
um dos empregos que conseguiu após sair da vida de diarista.
Moro
em casa alugada e tenho um carro financiado, não tenho filhos porque vejo que
ainda não tenho condições de tê-los. Quem não sonha em ser pai? Mas, minha
responsabilidade mostra que não é o momento. Não nasci em berço de ouro, não
sou rico e o que tenho é fruto do meu trabalho.
Acontece
que, a política constrói e desfaz amizades. E eu fui vítima disso. Pessoas,
tentando, através de mim, acertar outros alvos ou até mesmo a mim próprio –
financiados por quem não aceita minha forma de pensar ou agir – estão tentando
jogar meu nome na lama.
Fui
caluniado nas redes sociais esta semana, numa tentativa de denegrir minha
imagem, ao dizer que ganho “mais que um prefeito”, quem dera, e se fosse
garanto que seria de forma honesta. Nunca ganhei dinheiro fácil nem fiz acordos
espúrios.
Pegaram
valores anuais de contratos que tenho, por meio do meu CNPJ, para prestar
serviço de comunicação a algumas prefeituras e tentaram passa para a opinião
pública como se fosse o meu salário integral por mês. Desses contratos, ainda
tiro uma boa fatia – que não vou revelar o valor por ética – para a emissora
onde faço um programa semanal em horário arrendado (pago).
Todo
o meu trabalho é lícito, tenho mãos limpas e uma vida transparente. Todos sabem
disso. Trabalho duro, acordo antes das seis da manhã e vou deitar depois das
onze, quando minha esposa já está dormindo e não temos o prazer, muitas das
vezes, de deitarmos juntos.
Trabalho
de domingo a domingo, e, por isso, não tenho o prazer de estar junto dos meus
pais, irmãos e sobrinhos sempre que sinto saudades ou em datas como o Natal, o
dia das mães, dia dos pais, dentre outras. Minhas folgas são irregulares, assim
como meus momentos de lazer com a minha família.
Não
tenho dia nem hora para trabalhar. A exemplo da virada do ano de 2016 para 2017
que passei trabalhando e na manhã do dia 1º quase capotei o meu carro por um
descuido em uma curva. Isso ninguém vê, nem publiciza.
Contudo,
amigos, não vou mais me alongar. Me despeço com tristeza por ver pessoas que
antes se diziam ser meus amigos me apunhalando pelas costas. A vida tem dessas
coisas e da traição nem Jesus escapou. A eles, desejo sorte, saúde e
felicidade. Que Deus possa encher seus corações de amor ao próximo.
Aos
que me ligaram prestando solidariedade, meu muito obrigado!
Sem
mais para o momento, são essas as minhas palavras.
Flávio
Rodrigues Fernandes
Radialista
– DRT 4.309 – STERT-PB
Nenhum comentário:
Postar um comentário