Como
radialista apaixonado pelo rádio, fico triste ao ver o rádio perdendo espaços
que jamais deveria perder. A internet hoje noticia o que o rádio, pelos menos
na Paraíba, deixou de noticiar.
Lembro
que quando eu era menino na Capital e tinha notícias das chuvas ligava o rádio
para saber quais cidades tinham sido contempladas, como estavam os açudes.
Repórteres espalhados por todo o estado noticiavam o fenômeno.
Lembro
que em um dos preferidos radiofônicos, o Correio Debate – encabeçado por
Gutemberg Cardoso – quando noticiava estragos causados pelas enchentes em
alguns municípios trazia junto com a notícia a ‘Súplica do Cearense’, na voz de
Fagner.
Ficava
temeroso com medo do que podia causar nas demais cidades da Paraíba. Gutemberg
e seu time descreviam com realismo as chuvas e seus efeitos Paraíba à fora.
Deixava seus ouvintes com medo e de cabelos em pé. Essa é a magia do rádio.
Hoje,
mesmo morando no interior do estado e com tantos recursos para saber das
notícias, entre eles a internet, volto a ligar o rádio para ouvir com detalhes
e veracidade as notícias de chuvas. Ainda sou do tempo que acredito mais no
rádio do que num vídeo da internet.
Infelizmente,
ao sintonizar – por meio da internet – as rádios da Capital, que são os meios
com mais cobertura a nível estadual, não escuto mais falar sobre o que se
esperava há tantos anos: a chuva. A política na Paraíba sobrepôs à beleza e as
riquezas que a chuva traz, é triste, mas é a realidade.
Nas
escaladas dos radiofônicos, há só um tema: política, política e mais política.
Muitas delas, mais politicagem do que política. Vai desde um rame-rame de uma
Câmara Municipal a uma especulação eterna e repetitiva sobre quem disputa ou
não tal eleição.
O
rádio da Capital, que encabeça redes para todo o estado, fala mais para João
Pessoa do que para o restante da Paraíba. Por outro lado, donos de rádios
interioranas para não terem custo com pessoal preferem reproduzir o conteúdo
que vem do litoral, com assuntos que muitas das vezes nem interessam aos seus
ouvintes.
Falta
mais amor ao rádio e menos apego ao dinheiro. É preciso ressuscitar o nosso
rádio, antes que morra de uma vez e perca espaço para o seu maior concorrente na
atualidade, a internet. Continuando assim, seus dias podem estar contados,
infelizmente.
Flávio Fernandes
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